sábado, 21 de maio de 2016

Caixa de Pássaros - Josh Malerman


A imprensa mundial o compara a Os pássaros de Hitchcock e ao melhor de Stephen King. Não é uma comparação equivocada, quando um novo autor de terror psicológico entra em cena é inevitável pensar nos dois principais nomes do gênero, um do gênero cinematográfico e o outro do gênero literário. A situação é exatamente igual quando surge uma nova banda de rock, impossível não comparar com Beatles, ou quando surge um novo astro pop, pensamos logo nas semelhanças com Madonna e Michael Jackson. É da natureza humana fazer conexões e comparações. A semelhança com King se restringe ao campo da escrita, como sabemos o mesmo é mestre em fazer seus leitores prenderem o fôlego e não dormirem até alcançarem a linha de chegada da última página, então não seria nenhuma surpresa que Josh acompanhasse seus passos ou tivesse na pessoa de Stephen uma grande influencia.
Já a semelhança com Hitchcock não se restringe à maestria de criar um grande suspense psicológico. A afinidade é mais sutil, quem assistiu Os pássaros sabe do que estou falando, no filme de Alfred, eles são os protagonistas da história, já no livro de Josh eles estão dentro de uma caixa, mas, nem por isso deixam de ter um papel importante no desenvolvimento da trama.
Como somos humanos, vamos às conexões: No filme de Alfred, pássaros, de todos os tipos, atacam pessoas de um vilarejo litorâneo sem nenhum motivo aparente. No livro de Josh os pássaros dentro da caixa são uma espécie de alarme para a presença de algo lá fora, mas, os pássaros-alarme não são como os que habitam o mundo externo, estes que já olharam diretamente para a “criatura” perderam o controle, assim como os humanos. E, apesar de o livro não mencionar quais são as criaturas e o motivo de as pessoas enlouquecerem ao olharem para elas, assim como no filme onde nada é explicado, Caixa de pássaros tem uma vantagem: ele nos leva a divagar sobre tudo isso, essa é a graça da história, o próprio leitor construir a sua própria teoria, além do mais, não sabermos e criarmos nós mesmos os motivos torna tudo mais aterrorizante, enquanto que o filme de Hitchcock parece um filme trash de ataque de animais sem motivo, uma versão cool de o ataque dos vermes malditos.
Outra coisa muito interessante a cerca do livro é que, sempre que eu leio uma história de terror eu fico com medo de fechar meus olhos pra dormir, e aqui, nesta história, o inverso acontece, o medo é de abrir os olhos, é impressionante como um livro de um gênero tão subvalorizado tem uma metáfora tão bonita: às vezes abrir os olhos e encarar a realidade como ela é pode ser a coisa mais assustadora que um ser humano pode fazer.

Como este é o primeiro romance de Josh Malerman, estou impressionada e empolgada com o que de novo pode vir de um gênero em que se pensa que já se falou de tudo. Josh querido, você tinha minha curiosidade, agora você tem minha atenção – como diria Django.


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